Fisiopatologia da Obesidade – Medicina Chinesa (parte 2)

Bom dia Leitores! 

Hoje vamos discutir como outros órgãos, que não o Baço-Pâncreas, podem desencadear o processo de Obesidade, segundo a Medicina Tradicional Chinesa.

São 3 os principais órgãos que, desequilibrados, podem levar o organismo ao desenvolvimento da Obesidade: Coração, Fígado e Pulmão.

Para entendermos melhor como estes órgãos podem ser os causadores primários da obesidade, explicarei um a um baseado na teoria dos 5 Elementos da Medicina Tradicional Chinesa.

  1. Coração

Quando o paciente possui doenças de Excesso no Coração, como Hipertensão Arterial, Ansiedade, Agitação Mental, Insônia, entre outros, haverá um acúmulo de energia nesse órgão, que para sustentar seu excesso irá exigir energia de outros órgãos, como do Baço-Pâncreas para manutenção do seu desequilíbrio.

Quando há harmonia no funcionamento dos 5 Elementos, o elemento mãe fornece energia para seu elemento filho, porém, quando há doença, há o que chamamos de “contra-dominância”, e assim, o Elemento mãe, rouba energia do Elemento filho para sustentar sua desarmonia.

Visto desta maneira, podemos imaginar que uma pessoa hipertensa, ansiosa ou que sofre de qualquer um dos quadros patológicos anteriormente citados, irá roubar energia do Baço-Pâncreas para manutenção destas patologias, reforçando o mau funcionamento cardíaco em detrimento do funcionamento do Baço que irá falhar em sua função de remover a umidade interna e acumulará gordura.

Assim, fica fácil entender porque uma pessoa “desconta no doce toda a ansiedade que sente”. Ao estar ansiosa, o Coração rouba a energia do Baço. O sabor que tonifica o Baço, é o doce. Estando o Baço fragilizado, o organismo sentirá necessidade do doce, que a pessoa irá consumir sem notar que está exagerando no mesmo e terá também, dificuldade em não consumir enquanto a ansiedade perdurar.

Neste caso, é necessário remover o Calor do Coração para que o funcionamento do Baço volte ao normal

2. Fígado

Os desequilíbrios do Fígado normalmente estão relacionados com o acúmulo de estresse. O estresse gera Calor no Fígado que é considerado doença de excesso pela Medicina Tradicional Chinesa (presença de fator patogênico).

Fígado, é considerado Avô de Baço-Pâncreas sob a ótica dos 5 elementos. Assim, quando o mesmo está em excesso, irá remover a energia do neto. Assim, mais uma vez o Baço irá perder sua capacidade de remover a umidade interna e acumulará gordura no organismo.

Neste caso, é preciso remover o Calor do Fígado para que a função do Baço possa voltar ao normal.

Além disso, é importante lembrar que quanto maior o estresse, maior o acúmulo de cortisol no organismo, substância que gera acúmulo natural de líquidos no corpo.

A situação inversa também pode acontecer no Fígado. Pessoas que bebem demais, consomem muitos medicamentos  ou ingerem altas quantidades de gordura, sobrecarregam o funcionamento do Fígado, causando, em médio/longo prazo uma deficiência do funcionamento do mesmo. Também por Lei de Avô e Neto, uma deficiência de energia do Fígado irá causar um excesso no Baço.

Lembrem-se que excesso está relacionado à presença de fator patogênico ou estagnação de Qi e Sangue. Neste caso, teremos umidade acumulada no Baço. Esta umidade não é tão grave nem tão crônica quanto àquela que é acumulada quando o Baço não possui energia para removê-la. É a umidade acumulada diretamente dos alimentos úmidos, como gordura, leite e derivados e alimentos com glúten em geral.

Neste caso, se o terapeuta fortalecer a energia do Fígado e o paciente regular alimentação, o emagrecimento é certo e a obesidade é evitada.

3. Pulmão

Doenças respiratórias como a apneia do sono, a asma, rinite, doenças obstrutivas crônicas do Pulmão irão fazer com que este órgão entre em Deficiência de energia.

Quando o Pulmão está deficiente, automaticamente ele irá consumir energia do seu órgão mãe, ou seja, o Baço-Pâncreas. Quando isso ocorre, mais uma vez o Baço irá falhar em remover a umidade interna do corpo, o que irá gerar acúmulo de gordura.

Quando o paciente chega ao consultório, já estando obeso, é importante que o terapeuta pergunte à ele se há histórico de doenças respiratórias de qualquer origem. No caso afirmativo, deve-se tratar primeiramente o Pulmão, para que a função do Baço retome a normalidade.

Assim, chegamos à conclusão de que o desequilíbrio destes órgãos, gera, nada mais nada menos, que um desequilíbrio de Baço-Pâncreas, porém, o tratamento apenas do Baço, nos casos acima relatados, não irá ser suficiente para diminuir o Índice de Massa Corpórea (IMC) do paciente, trazendo assim um tratamento ineficaz e frustrante para quem passa por ele.

É missão do terapeuta descobrir se o Baço-Pâncreas é a causa ou se sua fraqueza é a consequência geradora da obesidade. Através de perguntas sobre hábitos alimentares, comportamento diante da vida (estresse, ansiedade), qualidade do sono, histórico de doenças respiratórias e através da avaliação de pulso e língua podemos chegar à conclusão de qual órgão deve ser tratado de forma prioritária, alcançando resultados de forma mais rápida e eficaz.

O segredo do sucesso de um tratamento está em uma avaliação completa e correta do órgão choque.

Um grande abraço à todos.

Profa. Fernanda Mara