Sobre as Leis de Geração (Mãe e Filho) e Controle (Avô e Neto) – Parte 2

Olá Queridos Leitores!

Hoje vamos para segunda parte das leis que regem o funcionamento dos 5 Elementos. Na parte 1 deste texto vimos a Lei de Mãe de Filho (Ciclo de Geração). Através dela, conseguimos tonificar ou sedar órgãos de acordo com suas posições e Mãe e de Filho distribuídos no pentagrama.

Agora veremos a Lei de Avô e Neto (ciclo de Controle). No pentagrama temos que:

Coração é avô de Pulmão                               Intestino Delgado é avô de Intestino Grosso

Pulmão é avô de Fígado                                 Intestino Grosso é avô de Vesícula Biliar

Fígado é avô de Baço                                      Vesícula Biliar é avô de Estômago

Baço é avô de Rim                                           Estômago é avô de Bexiga

Rim é avô de Coração                                      Bexiga é avô de Intestino Delgado

Em uma situação de ausência de doenças, o Ciclo de Controle, ou Lei de Avô e Neto exemplifica o controle da energia, ou seja, não permite que a energia seja apenas gerada, passando de um órgão para o outro, como na Lei de Mãe e filho, mas  que há um controle dessa geração energética através deste ciclo.

Já no tratamento de doenças, a lei também é válida, e é dividida em duas partes:

1. Quando Tonificamos o Avô – Sedamos o Neto

Assim, temos que: Quando Tonificamos o Rim, Sedamos o Coração. Quando Tonificamos o Fígado, sedamos o Baço. Quando tonificamos o Estômago, sedamos a Bexiga.

Essa parte da lei é utilizada para Sedar órgãos que estão sofrendo de Doenças de Excesso.

Por exemplo: Quando o  Coração está em Excesso, Tonificamos o seu Avô, Rim. Pois quando Tonificamos o Rim, sedamos o Coração.

2. Quando Sedamos o Avô – Tonificamos o Neto

Assim, temos que: Quando Sedamos a Bexiga, Tonificamos o Intestino Delgado. Quando Sedamos a Vesícula Biliar, Tonificamos o Estômago. Quando Sedamos o Pulmão, Tonificamos o Fïgado.

Essa parte da lei é utilizada para Tonificar órgãos que estejam sofrendo de Doenças de Deficiência.

Por exemplo: Quando o Pulmão está em Deficiência, Sedamos o Coração, pois quando Sedamos o Coração, Tonificamos o Pulmão.

Lembrando mais uma vez que as palavra Sedar, deve ser sempre lembrada como “dispersar”, fazer circular a energia, e nunca pensada como a capacidade de fazer com que o órgão ou víscera reduza seu funcionamento normal. E a palavra Tonificar, deve ser compreendida como “nutrir”, que é trazer energia, sangue ou fluídos corpóreos para os locais que estão sofrendo de deficiência dessas substâncias. Ou seja, Tonificar não significa fazer com que o órgão funcione mais que o seu normal.

Quando somamos as duas regras, de Mãe e Filho e Avô e Neto teremos a seguinte situação:

Em Doenças de Deficiência:

  • Tonificamos a mãe do órgão/víscera deficiente.
  • Sedamos o avô do órgão/víscera deficiente.

Em Doenças de Excesso:

  • Sedamos o filho do órgão/víscera em excesso.
  • Tonificamos o avô do órgão/víscera em excesso.

O tratamento se dá pela tabela clássica dos 4 pontos, onde os pontos Shu Antigos são distribuídos. Mas esse, é assunto para um outro texto.

Espero que vocês tenham gostado e que tenham compreendido melhor as Leis dos 5 Elementos.

Um abraço com muito carinho,

Profa. Fernanda Mara

Fisiopatologia da Obesidade – Medicina Chinesa (parte 2)

Bom dia Leitores! 

Hoje vamos discutir como outros órgãos, que não o Baço-Pâncreas, podem desencadear o processo de Obesidade, segundo a Medicina Tradicional Chinesa.

São 3 os principais órgãos que, desequilibrados, podem levar o organismo ao desenvolvimento da Obesidade: Coração, Fígado e Pulmão.

Para entendermos melhor como estes órgãos podem ser os causadores primários da obesidade, explicarei um a um baseado na teoria dos 5 Elementos da Medicina Tradicional Chinesa.

  1. Coração

Quando o paciente possui doenças de Excesso no Coração, como Hipertensão Arterial, Ansiedade, Agitação Mental, Insônia, entre outros, haverá um acúmulo de energia nesse órgão, que para sustentar seu excesso irá exigir energia de outros órgãos, como do Baço-Pâncreas para manutenção do seu desequilíbrio.

Quando há harmonia no funcionamento dos 5 Elementos, o elemento mãe fornece energia para seu elemento filho, porém, quando há doença, há o que chamamos de “contra-dominância”, e assim, o Elemento mãe, rouba energia do Elemento filho para sustentar sua desarmonia.

Visto desta maneira, podemos imaginar que uma pessoa hipertensa, ansiosa ou que sofre de qualquer um dos quadros patológicos anteriormente citados, irá roubar energia do Baço-Pâncreas para manutenção destas patologias, reforçando o mau funcionamento cardíaco em detrimento do funcionamento do Baço que irá falhar em sua função de remover a umidade interna e acumulará gordura.

Assim, fica fácil entender porque uma pessoa “desconta no doce toda a ansiedade que sente”. Ao estar ansiosa, o Coração rouba a energia do Baço. O sabor que tonifica o Baço, é o doce. Estando o Baço fragilizado, o organismo sentirá necessidade do doce, que a pessoa irá consumir sem notar que está exagerando no mesmo e terá também, dificuldade em não consumir enquanto a ansiedade perdurar.

Neste caso, é necessário remover o Calor do Coração para que o funcionamento do Baço volte ao normal

2. Fígado

Os desequilíbrios do Fígado normalmente estão relacionados com o acúmulo de estresse. O estresse gera Calor no Fígado que é considerado doença de excesso pela Medicina Tradicional Chinesa (presença de fator patogênico).

Fígado, é considerado Avô de Baço-Pâncreas sob a ótica dos 5 elementos. Assim, quando o mesmo está em excesso, irá remover a energia do neto. Assim, mais uma vez o Baço irá perder sua capacidade de remover a umidade interna e acumulará gordura no organismo.

Neste caso, é preciso remover o Calor do Fígado para que a função do Baço possa voltar ao normal.

Além disso, é importante lembrar que quanto maior o estresse, maior o acúmulo de cortisol no organismo, substância que gera acúmulo natural de líquidos no corpo.

A situação inversa também pode acontecer no Fígado. Pessoas que bebem demais, consomem muitos medicamentos  ou ingerem altas quantidades de gordura, sobrecarregam o funcionamento do Fígado, causando, em médio/longo prazo uma deficiência do funcionamento do mesmo. Também por Lei de Avô e Neto, uma deficiência de energia do Fígado irá causar um excesso no Baço.

Lembrem-se que excesso está relacionado à presença de fator patogênico ou estagnação de Qi e Sangue. Neste caso, teremos umidade acumulada no Baço. Esta umidade não é tão grave nem tão crônica quanto àquela que é acumulada quando o Baço não possui energia para removê-la. É a umidade acumulada diretamente dos alimentos úmidos, como gordura, leite e derivados e alimentos com glúten em geral.

Neste caso, se o terapeuta fortalecer a energia do Fígado e o paciente regular alimentação, o emagrecimento é certo e a obesidade é evitada.

3. Pulmão

Doenças respiratórias como a apneia do sono, a asma, rinite, doenças obstrutivas crônicas do Pulmão irão fazer com que este órgão entre em Deficiência de energia.

Quando o Pulmão está deficiente, automaticamente ele irá consumir energia do seu órgão mãe, ou seja, o Baço-Pâncreas. Quando isso ocorre, mais uma vez o Baço irá falhar em remover a umidade interna do corpo, o que irá gerar acúmulo de gordura.

Quando o paciente chega ao consultório, já estando obeso, é importante que o terapeuta pergunte à ele se há histórico de doenças respiratórias de qualquer origem. No caso afirmativo, deve-se tratar primeiramente o Pulmão, para que a função do Baço retome a normalidade.

Assim, chegamos à conclusão de que o desequilíbrio destes órgãos, gera, nada mais nada menos, que um desequilíbrio de Baço-Pâncreas, porém, o tratamento apenas do Baço, nos casos acima relatados, não irá ser suficiente para diminuir o Índice de Massa Corpórea (IMC) do paciente, trazendo assim um tratamento ineficaz e frustrante para quem passa por ele.

É missão do terapeuta descobrir se o Baço-Pâncreas é a causa ou se sua fraqueza é a consequência geradora da obesidade. Através de perguntas sobre hábitos alimentares, comportamento diante da vida (estresse, ansiedade), qualidade do sono, histórico de doenças respiratórias e através da avaliação de pulso e língua podemos chegar à conclusão de qual órgão deve ser tratado de forma prioritária, alcançando resultados de forma mais rápida e eficaz.

O segredo do sucesso de um tratamento está em uma avaliação completa e correta do órgão choque.

Um grande abraço à todos.

Profa. Fernanda Mara