Acupuntura pode ajudar nos sintomas de Dengue?

 

Boa tarde Leitores!

Hoje vamos discutir um pouco sobre o assunto Dengue.

O verão está para começar, junto com ele a chuva, os acúmulos de água e os surtos dessa doença, que poderiam ser perfeitamente evitáveis, começam a aparecer. Junto com eles, vemos também muitas internações, medicações de alto custo, com grandes efeitos colaterais, hospitais lotados entre outras mazelas. E aí fica a pergunta: A Acupuntura pode ajudar nos casos de dengue?

A resposta é SIM. E pode ajudar muito!

Em Medicina Chinesa, trabalhamos a gravidade das doenças através de uma teoria chamada: Níveis Energéticos. Possuímos 6 deles: 3 níveis Yang (mais agudos e de mais fácil resolução) e 3 níveis Yin (mais crônicos e de resolução mais difícil).

De 1 a 6, temos os níveis menos complicados aos mais complicados com os principais órgãos e fatores patogênicos envolvidos, à saber:

1) Tai Yang – afeta o Intestino Delgado e a Bexiga. O fator patogênico é o Vento, podendo estar associado ao frio e ao calor. Nesse nível temos os sintomas clássicos de um resfriado comum.

2) Shao Yang – afeta o Triplo Aquecedor e a Vesícula Biliar. O fator patogênico é o calor interiorizado de uma doença que não foi devidamente cuidada no nível anterior e os sintomas de resfriado anteriormente descritos, se tornam piores, podendo haver febre baixa, calafrios e cefaléia moderada.

3) Yang Ming – afeta o Intestino Grosso e o Estômago. O fator patogênico é o Calor Tóxico. Conhecido como terceiro nível energético, é o nível onde a doença aguda pode se tornar crônica com o aprofundamento dos sintomas para os órgãos internos.  Assim, as doenças, a partir desse nível, ficam mais difíceis de se solucionar. Nesse caso temos febre alta, indisposição, muita sede, dor no corpo e os fluídos que são produzidos pelo Estômago começam a ressecar, fazendo com que o doente tenha severos sintomas de Calor e Secura, que em médio/longo prazo irão afetar o Pulmão.

4) Tai Yin – afeta o Pulmão e o Baço Pâncreas. Os fatores patogênicos associados são a Umidade/Mucosidade associados ainda ao Calor e à Secura interna, que afeta o Pulmão. Nesse caso, temos o comprometimento respiratório, com febres altas e difícil transpiração uma vez que a umidade formada pelo não funcionamento do Baço impregna o espaço Cou Li e impede a dissipação do Suor. As dores no corpo e a fraqueza muscular são intensas pois a mesma impregnação por umidade não permite que o sangue nutra o sistema musculoesquelético.

5) Shao Yin – afeta o Coração e o Rim. Os fatores patogênicos são o Calor afetando a região alta do corpo e o Frio afetando a região baixa do corpo. É o início do colapso do metabolismo humano. Nessa fase há palpitações, ansiedade, suor frio, sede intensa ao mesmo tempo que ocorre frio nas extremidades, falta de força de vontade, fraqueza nos ossos. Nesses casos, há uma necessidade de nutrição da energia vital, conservada pelo Rim e na grande maioria das vezes há a necessidade da prescrição de fitoterapia e dieta terapêutica uma vez que o corpo está entrando em falência e precisa ser nutrido com urgência.

6) Yang Ming – afeta o Fígado e o Pericárdio. Os fatores patogênicos permanecem sendo calor e frio, porém, nesse nível, os sintomas estão alternados em todas as regiões do corpo. O Fígado entra em colapso e começa a falhar em sua função de “manter o fluxo harmônico do Qi e do Sangue”, e, nessa fase, dores intensas nos músculos, estresse emocional intenso, afecções da visão (até mesmo a cegueira) podem ocorrer. Além de distúrbios circulatórios, labilidade emocional entre outros sintomas do Pericárdio estarão presentes.

Com essa breve descrição dos níveis energéticos, podemos classificar, sem medo de errar, que a Dengue está na transição entre o Terceiro e Quarto Nível Energético. Sintomas de Estômago e Intestino Delgado estarão presentes em um primeiro momento, como a falta de apetite, fraqueza, diminuição da produção dos fluídos corpóreos, gerando sede intensa, febre alta, e constipação (podendo ou não estar alternados com diarréia). Esse ainda é o período onde o doente ainda não apresentou todos os sintomas, e muitas vezes ainda está na espera da confirmação da doença.

Nessa fase, é importante que o terapeuta trate o equilíbrio dos órgão afetados, mas principalmente Expelir o Calor Tóxico. Deixo como sugestão de pontos: E36, E44, P5, IG4, IG11.

Quando há a confirmação do quadro, normalmente o paciente já se encontra no Quarto Nível energético, onde há a afecção de Pulmão e Baço Pâncreas. Nessa fase aparecem sintomas como falta de ar, respiração dificultosa ou ruidosa, edemas no corpo, fraqueza muscular intensa, exaustão.

Com isso, é necessário que o terapeuta mantenha expelindo o calor tóxico, mas existe uma enorme necessidade em priorizar o fortalecimento do Pulmão (que produz a energia de Defesa) e o Baço Pâncreas. Tão logo a função desses órgãos seja reestabelecida, o paciente irá se sentir melhor (lembrando que remover a umidade e reestabelecer a função do Baço Pâncreas tira a sensação de peso e dor no corpo e elimina o cansaço).

Sugiro os seguintes pontos: P7, P9, P11, BP3, BP6, BP9.

Obviamente existe outra grande seleção de pontos que podem ser usados, e pontos locais para dor ou ainda pontos para acalmar a mente podem ser aplicados.

Lembrem-se que a Dengue não é uma doença contagiosa, e o terapeuta poderá tratá-la sem riscos de ser contaminado. A contribuição é para um paciente com menos dores, menos febre e menos cansaço, e quem sabe, curado mais rapidamente.

E é claro: A prevenção ainda é o melhor caminho!

Paz e bem à todos 😉