O Pulmão e a noção de Limite na Medicina Chinesa

Bom dia Leitores!

Hoje estou aqui para escrever um pouco sobre uma função pouco falada relacionada ao Pulmão na Medicina Tradicional Chinesa: a Noção de Limite.

Vamos recapitular algumas funções do Pulmão para Medicina Oriental:

  • É uma usina de energia, capaz de produzir Wei Qi (energia de defesa) e Ying Qi (energia nutritiva)
  • É a principal ligação do corpo com o meio externo captando a energia do Ar através da respiração
  • Controla a respiração, a pele e a passagem das águas
  • É responsável pelo olfato
  • Recebe a energia do Baço

Quando pensamos em Pulmão, não podemos ignorar que ele pertence ao Elemento Metal. O Metal, em Medicina Chinesa, é considerado o ouro, a riqueza encontrada no mais profundo da terra, e como estamos falando em seres humanos, o Metal é aquilo que é encontrado no mais íntimo de nós.

Observando suas funções, podemos dizer que o Pulmão capta a energia do Ar, junta com a energia recebida do Baço e transforma na energia que circula na região mais superficial do corpo, ou seja, na Wei Qi, nossa energia de defesa, conhecida como nossa imunidade na Medicina Ocidental. Por isso, dizemos que o Pulmão é responsável pela nossa proteção, não somente da pele, mas proteção também contra fatores que podem nos deixar doentes (frio, calor, vento, secura, umidade ou Qi perverso).

Porém, sempre que estudamos os clássicos da Medicina Chinesa, jamais associamos um órgão apenas à uma função física. Todos eles, sem exceção possuem uma função psíquica. Um exemplo fácil de compreender está relacionado ao Elemento Terra. Estômago e Baço são responsáveis não só pela digestão dos alimentos, mas também pela digestão de idéias. Por isso controla o pensamento, a execução de tarefas, o aprendizado e o raciocínio.

O Pulmão não seria diferente. Quando falamos que sua energia sobe até a superfície e protege o ser através da Energia de Defesa (Wei Qi), estamos falando de um campo de força que nos protege de fatores da natureza, mas que também nos dá o exato limite entre aquilo que nos faz bem internamente e externamente.

Quando o Pulmão é forte, conseguimos nos dar limites saudáveis, não aceitando críticas destrutivas, relacionamentos tóxicos ou abusivos, a auto estima é forte e somos capazes de saber aquilo que somos capazes de tolerar, mesmo nas adversidades, sem nos deixar ficar doentes.

Quando o Pulmão é fraco, nos deixamos ofender, aturamos pessoas e situações que nos fazem desacreditar de nós mesmos, nos sentimos fracos e incapazes e nos tornamos tristes, não nos esquecendo que a tristeza é o sentimento que se relaciona ao Pulmão quando falamos em 5 Elementos.

Ou seja, o Pulmão é o órgão que nos dá o senso de LIMITE. Até onde podemos ir, até onde podemos chegar, o que podemos tolerar? Uma via de mão dupla. Tanto daquilo que sai de nós em relação ao outro quanto do outro vindo até nós.

Para nos mantermos fortes, bem posicionados diante da vida, impor nossos limites sem ultrapassar o do outro e sem deixar que o outro afete nossa vida, o Pulmão deverá ser forte. Para isso, exercícios respiratórios, meditação, Qi Gong e Acupuntura e Alimentação Terapêutica são indicados.

Na acupuntura, alguns pontos são recomendados para fortalecer o Pulmão, são eles: P7, P9, B13, B42. Na auriculoterapia, os pontos de Pulmão devem ser colocados.

Na Alimentação Terapêutica, o indivíduo deverá estar atento se está consumindo ao menos um alimento neutro para o elemento metal, por dia, de acordo com a tabela encontrada no link:

Tabelas de Alimentação Terapêutica

Lembrem-se quando o Pulmão é fraco e deixamos de ter limites, nosso íntimo mais puro e profundo fica doente. E podemos nos tornar severamente doentes. O mesmo irá acontecer com nossos pacientes.

Façam a reflexão e fortaleçam o Pulmão todos os dias. Com limites, todos viveremos por mais tempo, com mais saúde e mais felizes.

Espero que vocês tenham gostado.

Um grande abraço!

Profa. Fernanda Mara